Mas, bah. Boa pergunta essa. Uma pra qual, eu é que não tenho a resposta. Mas, ajudemos, então, na reflexão.
Nesse mês de Copa do Mundo de Futebol sediada aqui no nosso Brasil (sim, está acontecendo mesmo!), o que mais pipocou por aí foram intelectuais de Facebook. Uma nova atribuição que eu não pude deixar de notar, e que fizeram sua reaparição depois de um ano de suas primeiras inserções, durante as manifestações de 2013. Pois bem, partindo da premissa que a maioria sabe de quais estou falando, acho que todos tiveram uma amostra do fenômeno em suas respectivas timelines; então, o que eles discutiam, principalmente, em semana de eliminação da seleção brasileira? Foi, exatamente, como vai e vem essa nossa ideia de nação, nacionalismo, orgulho nacional, união nacional, etc.
Uma questão que fica na cabeça se você realmente parar pra pensar e perceber que só do fato de que temos todos ideias e conceitos variados (e isso é esperar o mínimo da capacidade de qualquer ser humano), a noção de unidade nacional já se vê diante de um impasse. É possível nos unirmos a outros milhões sob o mesmo brasão, se todos o veem de forma diferente? Bem, sim. Esse é o ponto de partida de qualquer grupo social. Mas até que ponto isso é real? Quem pode garantir a ‘não superficialidade’ dessa ideia?
Pois bem, ninguém pode.
O fato é: o que determina a tua “nacionalidade”? Simplesmente o lugar onde nasceste? É isso? Uma questão puramente geográfica? Tua pátria, o amor ao teu país(!), tua gente, tua cultura, tua história e tudo mais descido puramente por o que está escrito na tua carteira de identidade ou passaporte? É isso que tu és?
Sim? Por quê?
Não? Por quê?
Parece uma questão bem prática, e é. De início não aparenta merecer um segundo olhar, uma análise em profundidade. Mas quando vemos tanta discussão a respeito, e tanta espetacularização (valeu Debord!), sensacionalismo rasgado, mesquinharia e atribuição de valor a isto ou aquilo por quem acha que fala em nome de um povo, cuja a voz está mais para aturdida do que representada. Bem, daí complica!
O que me intriga, pessoalmente (e me disseram que a graça da viva está em correr atrás de tudo aquilo que te inquieta!?!), é onde, como e por que uma fronteira (arbitrária, sem sentido, e demarca bem antes de eu nascer) define quem sou e posso ser. E define quem é do outro lado, quem é diferente, quem é inimigo… Bom, acho que foi Hobbes quem disse: “dividir para reinar”. Claro que a ideia de grupos, povos e nações está enraizada na construção da civilização humana e na política que cerceia nossa relações. Mas até que ponto podemos deixar que um facilitador de convivência se torne uma ideia fixa e restritiva?
O orgulho de ser brasileiro, a autoestima ou a confiança no futuro do país poderiam realmente estar ligados à uma equipe de um esporte sobre a qual e o qual não se tem o menor controle? É mensurável o poder da simbologia? Por acaso a vida de brasileiro é mais importante do que um argentino, uruguaio, um indiano? É questão de maior contingente? Ou quem vota? Ou seria quem paga imposto? Mão de obra, talvez? O que define quem é teu povo? É tudo gente, afinal! Poderíamos ser, hoje cada vez mais, uma mistura. Afinal de contas, nascemos aqui, falamos o idioma de lá, estudamos a cultura do fulano, nos identificamos com a ideologia do sicrano e nossos amigos são do lado norte, nossa família do lado sul e nós sonhamos com o lado de fora!
Me pergunto, por final, quando tempo vai levar para que antigos símbolos sejam gradativamente substituídos por hibridismos e se isso poderia ser considerado uma forma de “evolução” ou apenas mais do mesmo.